Meu nome é Felipe. Tenho 9 anos, gosto de jogar futebol com meus amigos, mas gosto muito mais de plantas e animais e tenho um cavalo chamado Trovão. O Trovão é valente e me leva pra onde eu quiser. Me leva pro meio da mata que existe ao redor da fazenda Santa Cruz, onde moro com meu pai e minha mãe. Meu pai trabalha na lavoura, plantando café e uma grande variedade de legumes e frutas; e minha mãe é costureira.
Aos domingos, nós três costumamos ir pescar no rio Suruquá que serpenteia a fazenda. O lugar legal de pescar fica atrás de uma montanha e a gente tem de passar por um caminho de terra, cheio de buracos e pedras, contornar um lixão enorme e descer uma rampa. Mas vale a pena porque é cada peixão gostoso - lambari,traíra, tilapia, pacu - que a gente pesca!
Numa das pescarias vimos de longe, remexendo no lixão, uma figura estranha. Com um pano na cabeça e uma sacola nas costas, toda curvada, aquela mulher catava cuidadosamente algumas coisas, examinava bem, limpava com um pano e colocava na sacola. Quando nos viu, saiu correndo para a floresta.
Nós fomos atrás. Eu montado no Trovão, meus pais em seguida. Levamos um tempão cruzando a floresta fechada até chegar numa clareira onde havia uma casinha de madeira. Nos fundos, uma plantação de ervas medicinais: camomila, hortelã, erva- doce, erva-cidreira, alecrim, ipê, arnica e tantas outras.
Apareceu na janela um índio armado de arco e flecha. Era o Cacique Caiuá. Assustados, avisamos que viemos em paz e perguntamos sobre as ervas medicinais.
- Aqui mora a curandeira da tribo – explicou o cacique. - Ela conhece os segredos das plantas. Minha filha de oito anos pisou numa cobra e está com o pé todo inchado.
Meu pai, que entendia um pouco de picadas de bichos peçonhentos, perguntou:
- Vocês viram que espécie de serpente era?
- Meu filho Ubiraci, que já sabe andar sozinho por estas matas, disse que era uma jararaca. A velha Anahí saiu em busca de um ipê amarelo.
- É isso mesmo - disse meu pai. - Com a casca dessa árvore é preparado um antídoto perfeito.
Logo a velha Anahí voltou carregada de ervas e ramos e uma maçaroca que parecia feita de terra e areia. Meu pai
perguntou sobre os xaropes que vimos numa prateleira sobre o fogão de lenha. Ela nos fez entender - mais por gestos do que por palavras porque só falava a língua de sua tribo - o tipo de remédio que havia em cada garrafinha e pra que servia. Um era pra diarreia, outro para feridas e mordidas de insetos, outro pra dor de cabeça, e tinha também pra infecção e banho de descarrego.
O cacique estava partindo para levar o remédio para a filha, acompanhado de Anahí que iria fazer rezas especiais, quando a floresta foi invadida por um grupo de fazendeiros armados. Eles pretendiam tomar as terras do índios.
Enquanto Caiuá convocava toda a tribo, Anahí partia para levar as ervas e socorrer Kinai, a filha de 8 anos do cacique. Eu segui junto, trotando no Trovão. A taba ficava na curva grande do rio Suruquá. Anahí conhecia todas as trilhas da mata, mas não contava com o enxame de vespas africanas que nos atacaram. Anahí imediatamente colheu algumas ervas medicinais, esmagou e passou pelo corpo, e me mandou fazer o mesmo. O odor das ervas afastou as vespas.
Enquanto isso os fazendeiros, egoístas e gananciosos, estendiam cabos elétricos pela floresta para eletrocutar os índios. Anahí, Trovão e eu chegamos à taba em que Kinai se encontrava. A menina sangrava muito pelos poros, estava quase morta. A curandeira medicou Kinai e fez algumas rezas para ajudar na cura. Kinai começou a melhorar e levantou
faminta. Colhi algumas frutas com a curandeira para saciar a fome da menina.
Em seguida, montado no Trovão, voltei para perto de meus pais. Nessas alturas os índios, dominando todos os esconderijos da mata, planejavam assaltos e montavam
armadilhas. E também colocaram em posição de guerra suas armas fatais: dez águias treinadas que moravam em árvores ao redor das ocas.
Alguns anos antes, em uma aventura numa montanha deserta, os índios encontraram ninhos com ovos de águias e levaram para a aldeia para serem chocados pela gansa. Nasceram águias fortes que foram treinadas para caçar e defender a tribo. As aves foram levadas ao topo da montanha e várias presas - coelhos, cobras, macacos saguis – foram espalhadas pelo vale. As águias foram treinadas a dar rasantes para atacar e pegar as presas.
No dia do confronto, os índios deram o comando para as águias atacarem os cavalos e os cavaleiros. O objetivo dos índios era assustar os cavalos e fazer com que os homens caíssem do cavalo, entrassem na mata sendo presos nas armadilhas. E também se emaranhassem nos fios elétricos que eles próprios tinham colocado.
Os índios atacaram pela terra e as águias pelos ares. Foi um horror: muitos morreram, outros tantos ficaram feridos. Atribo levou alguns dias para desarmar e recolher os materiais deixados pelos fazendeiros, alguns dos quais sobreviveram e conseguiram fugir.
Os índios recolheram os corpos e junto com a curandeira Anahí organizaram uma grande festa em agradecimento aos espíritos da floresta pela vitória conquistada. A festa foi uma comilança, com carne pra todos os gostos! As águias também participaram da celebração.
A floresta não foi derrubada e, assim, índios e animais viveram em paz por muito tempo.
FIM
GABRIEL, ROBERTO IGOR, IRAN LEANDRO, PAULO SÉRGIO, MIKAEL EVANDRO, GUSTAVO, ASAFE, ESTEVAM, LUAN HENRIQUE, CLEVERSON, JOÃO VICTOR , DOUGLAS , BEATRIZ , LAYLA, LORENCIA CLARA, BRENDA, ESTEPHANI, RAQUEL, MARIA ISABELE, ANY VITORY, RAIANE, MARIA JÚLIA, ÉMILI, ANDRÉ MARCELO, MARIA EDUARDA, ALANA