O contar de Mirna Pinsky


Bernadete Patrus Ananias Pothakos

         O que levaria uma jornalista a trocar suas reportagens coerentes e bem elaboradas pela aventura de contar estórias? Durante sete anos, Mirna Pinsky se dedicou a pautas de jornais, mas um dia quis buscar outros horizontes, encontrar novas linguagens, um jeito descontraído e casual de envolver borboletas e arco-íris em seus textos. Retomou a mania da adolescência, quando escrevia poesias, contos e crônicas e, de repente, viu-se escrevendo para crianças. São muitos livros e diversos prêmios. Em 1981, ganhou o Prêmio Jabuti de Literatura Infantil e o Prêmio INL. Em 1986, foi uma das finalistas do Prêmio Bienal do Livro.

         Pródiga de coloquialismos, a obra de Mirna resgata a oralidade dos contos populares. O discurso direto é amplamente usado, apresentando reduções e duplicações próprias do falar cotidiano:

“- Tou botando a dor pra fora, Dorita.”

“- Ei, Alpiste, que que houve?” (Zero Zero Alpiste)

A oralidade é também uma forma de determinar o ponto de vista da criança no desenrolar da estória:

“Mas quando está irritada, ou cansada, ou brigou com o pai, ou levou bronca do chefe, aí não tem perdão. Pega no pé mesmo”. (As muitas mães de Ariel)

Os diminutivos são usados como expressão de afetividade:

“Júlia era pequenininha, dorminhoquinha e choroninha”. (O barril)

Em contrapartida, os aumentativos sugerem o ponto de vista da criança pequena diante de um mundo de gente grande:

“A camona, o pianão, um armariozão, um baú enorme e uma porção de gente dependurada nos quadros na paredona, olhando para ela”. (Pequenininha)

O discurso indireto livre – momento em que a fala da personagem se mistura com o discurso do narrador – possibilita a expressão dos sentimentos dos pequenos protagonistas:

“Cinza, agora estava novamente cinza. Mas cinza tão forte que dava até vontade de chorar. A mãe gostava muito mais do irmão do que dele, pensava. Pois não tinha sido o Robertinho quem começou a briga?” (Davi acordou cinza)

         A linguagem simples e direta de Mirna é a da criança em quem ela se espelha. Seus motivos transcendem borboletas e arco-íris e fazem da imaginação uma fonte de enredos que abordam os problemas mais comuns da infância: a relação com a mãe e com os irmãos, a fragilidade humana, o medo, a necessidade de crescer, a divisão de tarefas em casa, o respeito pela natureza, a desmitificação da beleza e da riqueza enquanto condições para sermos amados, o resgate do avó e da avó como pessoas ativas, cheias de afeto, que podem até aprontar algumas travessuras. Mirna fala até das coisas que não podem ser do nosso jeito. É preciso aceitá-las e fazer delas um trampolim para um amor maior. Algumas vezes, o objetivo é apontar a imaginação como força criadora e fonte de prazer.

         A solução é feita de sonho e fantasia. Um quebra-cabeça como ponto de partida para uma viagem. Pecinhas de armar se tornam o vôo dos sonhos de Elisa, vôo que de tão antigo ficara imenso dentro dela.[1]

         A caixinha de segredos de Sílvia contém estórias para ela passear à noite. Na hora de dormir, entrava numa delas e voava na própria imaginação. Aqui era um passarinho. Ali, enveredava por um corredor comprido até encontrar uma gruta. Mais adiante, ela brinca com o Zé no lago feito de chocolate. Até que um dia retira da caixa um arco-íris que se estende pelo espaço. Pelas suas cores, Sílvia caminharia em busca de um tesouro…

         Assim é o momento de crescer nas estórias de Mirna: um instante mágico em que um botão dourado, uma tampa de caneta, um pedaço de papel celofane azul, uma bala de hortelã e um alfinete bem pequenininho já não conseguem mais tecer enredos de ninar. De repente, no quarto de Sílvia, tudo fica menor. O mundo lá fora é uma trilha iluminada de cores que leva a um tesouro – à maturidade, talvez. Assim, a dor de crescer é diluída em sonho e esperança. Um passo feito de leveza e encantamento pela força do maravilhoso e da imaginação.[2]

         Pequenininha[3] também precisa crescer, enfrentar o medo, os fantasmas, os gigantes do mundo adulto. A estória começa com a suposição do narrador de que Maia provavelmente já não coubesse na palma da sua mão. Aludindo assim às experiências de Maia com as coisas grandes do mundo e à exploração que ela faz do quarto proibido na casa da avó, a narradora aponta para a necessidade de as crianças serem livres para apreenderem o mundo. A palma da mão é o lugar da posse e da superproteção, inibidor de experiências saudáveis como esta que Maia vivencia no castelo da avó. Embora “pequenininha”, ela quer se expor à magia do desconhecido e à exploração do mundo real contraposto ao imaginário fantástico da infância. A experiência do medo é indício de incipiente saber; é aquecimento do desejo em véspera de descoberta. Medo é prenúncio de aprendizagem: é o escuro que antecede à luz do insight. Maia vive uma experiência de exploração e medo. A narradora registra sua ousadia, seu passo à frente, seu passo atrás. Partilha do seu “medão”, falta de coragem, da fuga da força. Presencia a vida num momento de impasse, simbolizado no escuro de um quarto proibido. A narradora vê com alegria que “a Maia já estava sabendo se virar sozinha!” Colocar Maia dentro do bolso, passear com ela na palma da mão seria impedi-la de “descobrir um quarto proibido detrás da cristaleira”. “E isso, tenho certeza, a Maia jamais irá me perdoar!”, confessa a narradora, que bem poderia ser uma mãe disfarçada em contadora de estórias…

         Embora jornalista pela Faculdade de Jornalismo Cásper Líbero, Mirna sempre esteve interessada em literatura. É Mestre em Teoria Literária pela Universidade de São Paulo. Além de escritora, trabalha também como editora.

         Mirna diz que escreve por compulsão. Rumina uma estória durante meses e de repente precisa escrevê-la. Costuma deixar o texto na gaveta por um bom tempo, até retomá-lo e concluí-lo. Já levou um ano para escrever uma novela – Nó na garganta. Mas conseguiu fechar algumas em apenas vinte e cinco dias.

         Prenhe de sentimentos e sensibilidade para com a criança, a autora gesta seus textos com o coração, até que o imaginário se codifique em reflexão e afeto espalhados sobre o papel. As letras constroem então o quebra-cabeça das emoções e suas formas reveladas. Davi, o menino camaleão, muda de cor de acordo com seus sentimentos. Se está triste ou preocupado, fica cinza. Se está excitado, fica vermelho. Se está com raiva, fica roxo. Se está feliz, fica azul. Quando brinca com o irmão, a mãe os vê verdes porque projeta neles a sua esperança.

         As cores ajudam a desmitificar não só as emoções como também a relação mãe e filho. Quando Davi diz à mãe que ela o faz ficar azul, ela lhe diz que se lembra de tê-lo deixado roxinho da vida algumas vezes. Afinal, mãe faz muita raiva de vez em quando!

         Também o sofrimento infantil é assunto para Mirna. Menino levado, Daniel, o Zero Zero Alpiste, levava a sério o conselho de seu pai para não chorar, mas a sábia e frágil natureza humana o coloca face a face com a própria sensibilidade: a flor amarela. Dorita, como Daniel a chama, é a materialização da dor do menino, do seu lado humano e fraco que não pode nem deve negar o sofrimento – planta que se regada com lágrimas nos garante a seiva da ternura. Contraposto à própria fragilidade, sente-se aliciado por ela e entorna o barril de todas as suas mágoas, garantindo assim a harmonia de suas emoções. Afinal, menino ou menina que seguram o choro acabam endurecendo.

         Mirna – mãe criadora de enredos libertadores! No seu estilo simples, a magia de grandes mensagens! Recados simples de amor e sensibilidade, desatadores de nós feitos de vida cotidiana, compõem a obra desta artista que não precisa de retórica para falar de grandes temas. Deste tema maior que é o olhar de amor para uma criança e a fala feita de ternura que a nossa vivência coloca à sua disposição.

         Às voltas com as questões da família, sempre enfocada como um esteio, verdadeiro eixo de sustentação das proezas da infância, Mirna Pinsky viaja na fantasia e na imaginação de seus pequenos protagonistas. Em O barril, Júlia e André disputam as aventuras proporcionadas por um barril mágico. A forma côncava deste objeto o torna sinônimo de aconchego – fac-símile do útero materno – que André e Júlia disputam na mesma intensidade com que se disputa a mãe na idade deles. Um princípio de vida mágico – uma referência de fantasia e criatividade num barril que é carruagem, cachoeiras, tempestades, densa floresta, roda-gigante, bicho-da-seda e avião. O ponto de partida para a grande viagem!

         Nascida em 12 de dezembro de 1943, em São Paulo, Mirna Pinsky dirigiu a revista Shalom de 1969 a 1976. Entre 1969 e 1981, ainda como jornalista, colaborou com inúmeros jornais e revistas: Folha de São PauloO Estado de São PauloMovimentoCadernos do Opinião, Cadernos de Pesquisa (da Fundação Carlos Chagas), etc. De 1979 a 1981, assinou coluna semanal de crítica de teatro e literatura infantil no Jornal Shopping-News. De 1982 a 1985, trabalhou como free lancer para as editoras Atual, Global e Melhoramentos, fazendo copidesque, traduções e pareceres. Em 1986, trabalhou na Ícone Editora, coordenando e copidescando algumas coleções.

         A partir de 1987, até março de 1993, como sócia da Editora Contexto, coordenou toda a produção dos 120 títulos da editora, atendendo a autores, copidescando, uniformizando textos, revisando e supervisionando a arte final, além de atuar na redação de textos para vários catálogos e folhetos, redigir press releases e organizar malas diretas.

         Desde abril de 1994, é editora de texto da Editora Nobel, estando sob sua responsabilidade a escolha dos tradutores, preparadores e revisores, a edição do texto, orientação para marcação, enfim, toda a coordenação do livro desde a assinatura do contrato até os filmes, além da redação da 4ª capa e orelhas.

Mima confessa que começou

“a escrever para crianças sem grandes projetos ou reflexões profundas”.

         Sua primeira filha, Ilana, tinha dois anos e a autora queria lhe contar estórias. O contar de Mima é assim um desvelo de mãe. Talvez por isso suas primeiras peças se preocupassem em ensinar, o que faz com que, hoje, ela as considere ruins. Seus primeiros contos infantis também são um pouco diretivos e não foram publicados.

A autora se analisa:

“Ao longo do tempo fiz cursos, li muito, matutei e de repente percebi o quanto escrever para crianças fazia parte do meu processo de amadurecimento. O quanto fazia parte do todo. Outro dia, lendo uma entrevista do Fauzi Arap, diretor de teatro que alegrou meus anos de jovem-adulta, me tocou esta observação: ‘… o objeto de arte devia ser subproduto de uma busca, como se fosse um processo alquímico. Escrever é cavoucar, errar, mas também aprimorar alguma coisa que está invisível. (…) Acho que parte essencial da produção artística se encontra no silêncio, no abandono interior’. Felizmente “amadurecimento” é algo que não termina nunca, por isso acho que  estarei sempre encontrando novas formas de ver”.

         Mirna Pinsky, Mirna Gleich, Mirna Gleich Pinsky. Um nome que se inscreve em estórias inventadas a partir do cotidiano e que se reinventa com a poesia de um gesto, um silêncio… “Tudo que escrevo está impregnado de mim”, diz a escritora. Seu percurso é um “eterno retorno” à infância. Com os olhos vividos, confronta o que viveu com o que pensava que estava vivendo. Observa as crianças ao seu redor – filhos, sobrinhos – registrando sentimentos e idéias. Há sempre uma estória no olhar infantil sobre o mundo. Pedaços de lembranças, remotas sonoridades que a autora vai compondo com a sua bagagem afetiva para se entender e entender o que a rodeia. Crê que o papel do escritor é emprestar uma maneira nova de enxergar o mundo. Assim, seu olhar tem sido modificado por muitos autores ao longo da vida. Na infância, Monteiro Lobato, Mark Twain, Francisco Marins e C. de Ségur. Na adolescência, ficou fascinada com Apanhador no campo de centeio, de J. D. Salinger, Os Maias, de Eça de Queiroz, a trilogia Caminhos da liberdade de Sartre, Memórias de uma moça bem comportada e Os mandarins, de Simone de Beauvoir. Nos últimos tempos, tem lido alguns ensaios sobre assuntos que despertam seu interesse. A dança do universo, do físico Milton Gleiser e Mulheres que correm com lobos, da antropóloga Clarice P. Estís. Gosta muito de Saul Bellow, Philip Roth, Lawrence Durrel, Ítalo Suevo, Mario Vargas Lhosa, Gabriel García Márquez, Júlio Cortázar, Etchenique, Clarice Lispector, Machado de Assis e Henry James.

         A custo, Mirna destaca três dos seus livros publicados: Quebra-cabeçaAs muitas mães de Ariel e Tatu-bolinha. Mas afirma que gosta muito de todos.

         Quebra-cabeça é uma estória só de avô, passarinho, romã e menina. A mãe não entra, nem que queira, nem que Luciana a chame, porque ia querer chamar a atenção da menina. O pai também não entra na estória porque ia querer tomar conta do avô. O irmão implicante…

         Bem, Luciana fica com o avô, a romã e o passarinho. Mas o avô dá de ir caçar borboletas na Serra do Mar. O passarinho vai buscar abrigo noutro canto. E a romã? O que aconteceu com a romã?

         A estória é a repetição do mesmo fato ano após ano, à semelhança de algumas estórias populares e termina de forma tal a remeter o leitor ao seu começo, em busca da resposta do quebra-cabeça.

         Com As muitas mães de Ariel, Mirna Pinsky quer valorizar a mulher mãe, dona de casa e trabalhadora, abrindo concepções diferentes de suas atitudes nos seus diversos papéis. As reflexões da mãe com relação ao filho, e vice-versa, são autênticas e bastante recorrentes na vida real, possibilitando ao pequeno leitor uma verdadeira identificação com os problemas que vivencia no cotidiano de sua família.

         A figura paterna é mencionada duas vezes apenas nesta estória de muita mãe. Ariel sabe que tem coisas que só pode falar com o pai: “coisa de homem”. O pai aparece uma segunda vez do ponto de vista da mãe: talvez tivesse chegado em casa antes dela e lavado a louça, fazendo-lhe uma surpresa. Enfatizando a condição da mulher sobrecarregada com casa, trabalho e crianças, a autora reforça a mudança social que prega a flexibilidade dos papéis estipulados para o homem e para a mulher numa relação de casamento.

         A carinhosa relação da criança com a natureza, evidente também em Ave em conserto, aparece refletida no cuidado ingênuo que Luciana tem com o Tatu-bolinha. O que importa ressaltar aqui é a técnica de composição dessa estória. A narradora conta a estória de Luciana com o seu tatu-bolinha e Luciana conta a própria estória com o bichinho. Numa página, a palavra da autora. Noutra página, a palavra de Luciana, a personagem-autora. A estória de Luciana acaba sem surpresas para o leitor. Todo mundo fica muito contente com o tatu-bolinha na festa de aniversário. A estória da autora/narradora nos apresenta um final diferente, com uma bela chamada ecológica para a meninada.

         Na mesma linha, Oren e Luciana improvisam uma ajuda de primeiros socorros a uma ave com a asa quebrada, em Ave em conserto. Fazem isso com a ingenuidade própria da infância, parafusando a asa do bicho. A espontaneidade do gesto supera aqui a negligência científica. Entre as crianças e o pato, estabelece-se uma relação de confiança que fala mais alto do que a simpática improvisação que o menino e a menina fazem para salvar a dor do pato É essa intenção, afinal, que importa realmente e que se impõe ao leitor, ficando os meios utilizados no curativo como um elemento de ludicidade infantil, que nos chega como uma pitada de humor e criatividade.

         As relações de família são pontos de reflexão freqüente nas estórias de Mirna. Isso se deve, talvez, ao fato de que grande parte de suas estórias foram escritas para um dos filhos (tem 3, duas meninas e um menino) ou sobrinhos. Em Histórias & lorotas da vovó, costumes sociais e identificações parentais são abordados de maneira leve, convidando o leitor a repensar certas relações. A figura folclórica da vovó é resgatada com muito humor e muito amor, iluminando novos rumos de liberdade e criatividade em todas as idades.

         Mirna diz que escreve como alguém que pensa em voz alta. Portanto suas estórias se prestam a Hora do Conto com muita adequação Escreve por prazer. Por um profundo prazer. Por isso passa tempos sem escrever. Tudo o que vivencia é uma gestação que algum dia, transvestida, irá para o papel. Mas enquanto à idéia de estacionar diante do computador e ficar brigando com as percepções não for um encantamento, prefere não escrever. Para tanto, precisa de paz interior e alegria para buscar o poético. Gosta de escrever sobre sentimentos, descrever o mundo afetivo das crianças em suas várias coreografias. Mas sabe que nenhuma estória nasce inteira. Uma situação, e ela vai em frente, apalpando, tateando, buscando o novo,  o inusitado no fato vivido ou presenciado.

         Quando a meta é a poesia, há que se entregar por inteiro. O preço de ser poeta é estar aberto à própria verdade. E a verdade de Mirna Sílvia Gleich Pinsky está espalhada em suas estórias, como pontos de luz de uma trajetória. A autora cita Manoel de Barros

“Tudo que invento dos outros é de mim que falo”.

         Incansável, uma menina prossegue em sua caminhada pelo arco-íris em busca de um tesouro… Tem nomes diversos: ora Elisa, ora Silvia ora Luciana… Se cresce um pouco, pode chamar-se          Marina, como em Sardenta[4] e retomar, mais de 25 anos depois, os sonhos e os conflitos da puberdade. A descoberta da generosidade no Tio Bernardo. O amor e o pensamento revolucionário em Pedrão. Uma visão crítica da sociedade na própria consciência emergente contraposta veementemente à postura reacionária da mãe.

         Em silêncio, Mirna parece conjecturar novos caminhos. Prossegue a busca paciente da palavra redentora. Com os olhos fixos na realidade, evoca Cecília Meireles:

“A vida só é possível reinventada”.

                                          [publicado na revista Releitura, Belo Horizonte, Editora O Lutador, 1999.]

 

[1]  PINSKY, Mirna. “Pecinhas de armar”. In: Assombramentos. São Paulo Paulinas, 1986.
[2] “A caixinha de segredos”. In: Assombramentos. São Paulo: Paulinas, 1986.
[3] ______ Pequenininha. Belo Horizonte: Miguilim, 1984.
[4] ._____ Sardenta. São Paulo: Saraiva, 1998.